“BUFÊ ESPIRITUAL” – LITURGIA DE 5 DE JANEIRO DE 2025
5 de janeiro de 2025Meu amigo “capitalista”
5 de janeiro de 2025Um episódio ocorrido na vida de um dileto amigo me fez pensar o quanto de confusão existe a respeito da riqueza. Vislumbrei com clareza uma realidade aparentemente paradoxal: há pessoas que possuem muito dinheiro, mas sua condição real é de lamentável miséria… E há pessoas que não têm muito dinheiro, mas são ricas de uma forma muito especial…
O episódio: esse meu amigo tinha uma caminhonete (por prudência me reservo o direito de não apresentar mais detalhes) que não aprovou… Era linda por fora, mas muito problemática, quebrava constantemente… Em certa oportunidade, alguém o aconselhou: “Cara, você tem que passar essa caminhonete prá frente!” A resposta dele foi resoluta: “De jeito nenhum! Eu não vou prejudicar ninguém!”
Naquele momento ele refletiu: “Tantas vezes tive que comprar peças para substituir as que quebraram… Vou desmanchar essa caminhonete e vender as peças para quem precisar substituir as quebradas!” Procurou o mecânico onde a levava para concerto, solicitou-lhe auxílio e assim fez.
Ao longo de alguns meses, com o valor das peças vendidas, reuniu um valor razoável, não muito distante ao que reuniria se a tivesse vendido inteira. Porém com a consciência tranquila, em paz, com a satisfação de ter contribuído com muitos para solucionar os seus problemas, ao invés de criar um grande problema para o eventual comprador da “encrenca”.
O dinheiro ganho dessa forma, com dignidade, honestamente, contribuindo com o próximo, é algo que se reveste de um valor diferenciado, multiplicado exponencialmente…
Por outro lado, existem pessoas que são milionárias, bilionárias, quiçá multibilionárias e, em que pese suas inúmeras posses, vivem vidas lamentavelmente miseráveis… a ponto de lançarem mão de expedientes que prejudicam gravemente os outros, por ganância…
A ninguém é vedado arrepender-se, reconsiderar graves equívocos e espero que essas reflexões possam contribuir de alguma forma nesse sentido com aqueles que incorrem em tais deslizes e forem agraciados com o acesso ao aqui exposto.
Eis um exemplo grandiloquente desse comportamento deplorável: “estrelas” do mundo dos esportes, da música… envolvidos em esquemas de apostas, “vendendo ilusões”, fazendo apologia a jogos eletrônicos na internet, atuando como agentes dilapidadores da economia popular, gerando prejuízos terríveis para pessoas simples que se iludem com a propaganda leviana, irresponsável… Atitude com respaldo legal? Seus advogados dirão que sim. Atitude com respaldo moral? Jamais!!!
O proprietário da caminhonete vendida aos pedaços para contribuir na resolução de problemas possui muito pouco em relação aos que atentam contra a economia popular acima mencionados, mas o nível de riqueza de sua vida sem sombra de dúvidas é incomensuravelmente maior! É algo limpo, sem mácula, amealhado com sanidade, associado a uma satisfação inefável, produzida pela benevolência associada ao processo, que exala o que pode ser comparado a um “perfume divino”…
Já os que agem mal se contaminam com o dinheiro sujo, associando-se ao que há de mais baixo, vil, ignóbil… tornam suas vidas como que mergulhadas no esgoto da malevolência e nem as mais elaboradas “desculpas legalistas” jamais conseguirão sanar… Auguro que a luz divina se estenda sobre os equivocados perpetradores de prejuízos ao próximo, os que com suas atitudes agravam a situação, intensificam a ruína dos que já tem pouco… A questão apresentada, se bem analisada, leva à conclusão de que tal atitude beira a insanidade!
O Mestre dos mestres, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, apresenta com clareza o que nos cumpre fazer para plenificar de sentido o viver: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles (Mateus 7,12).” Que Deus tenha piedade de quem lança mão do que prejudica o próximo para locupletar-se na ganância – que se libertem dessa condição miserável, deplorável, que não mais maculem suas vidas com a desonra, a desgraça, a baixeza extrema de amealhar recursos gerando sofrimento alheio!